O Pará, estado de dimensões continentais, marcado por sua posição estratégica na Amazônia e por sua diversidade cultural, tem experimentado profundas transformações em seu mercado de serviços de saúde e bem-estar. Nos últimos anos, a busca por qualidade de vida, práticas de autocuidado e terapias alternativas colocou a massagem como uma das atividades mais procuradas pela população urbana e por visitantes em áreas turísticas.
Esse movimento abriu espaço para a consolidação dos massagistas no estado do Pará, que se especializam em diferentes técnicas, e para a expansão de modalidades mais recentes, como a massagem sensual e tântrica, que começam a ganhar visibilidade, ainda que permeadas por tabus sociais e culturais.
A prática da massagem não é nova na região. Povos indígenas amazônicos utilizam há séculos técnicas de fricção, compressão e uso de óleos vegetais como parte de seus rituais de cura e relaxamento. Essas tradições foram, ao longo do tempo, incorporadas à cultura urbana, influenciando até hoje o modo como a massagem é percebida no estado.
Com a urbanização acelerada de Belém a partir do século XX e a chegada de academias, spas e clínicas de fisioterapia, as técnicas se profissionalizaram. Hoje, além das práticas tradicionais de relaxamento, encontram-se no Pará massoterapeutas especializados em shiatsu, ayurveda, reflexologia, drenagem linfática, quick massage e modalidades orientais que ganharam adeptos entre a classe média.
Diversificação dos segmentos
No estado do Pará, a cena das massagens sensuais vem ganhando novos contornos e se espalhando por diferentes cidades, acompanhando tanto a vida urbana agitada quanto o turismo que movimenta a região amazônica.
Em Belém, capital pulsante e porta de entrada para a Amazônia, a massagem tântrica tem se popularizado entre pessoas que desejam mais do que prazer físico: autoconhecimento e a quebra de barreiras emocionais. Estúdios discretos e terapeutas independentes oferecem experiências baseadas em respiração e energia vital, atraindo um público diversificado.
Já em Ananindeua, que integra a Região Metropolitana de Belém, surgem atendimentos mais voltados para a intimidade dos casais. A lingam e yoni massage, técnicas que exploram a energia sexual masculina e feminina, encontram espaço entre parceiros que desejam fortalecer a conexão e ampliar o diálogo corporal. A demanda é sigilosa, geralmente marcada por redes sociais ou grupos fechados, mas tem crescido silenciosamente.
No interior do estado, em Santarém, cidade conhecida por suas praias de água doce, a atmosfera turística favorece práticas mais ousadas. É comum encontrar a nuru massage, onde o corpo do terapeuta desliza suavemente sobre o cliente utilizando gel ou óleos especiais. Essa modalidade desperta curiosidade em visitantes, que querem vivências diferenciadas durante sua estadia no paraíso amazônico de Alter do Chão.
Em Marabá, polo econômico e industrial, a rotina intensa de trabalho alimenta a demanda por massagens que aliviem a tensão, mas também tragam uma pitada de erotismo. Por lá, ganha espaço a massagem erótica com óleos aromáticos, que combina estímulos sensoriais ao relaxamento físico, oferecendo um equilíbrio entre prazer e descanso após longas jornadas.
Altamira, cidade marcada por sua ligação com grandes projetos de energia e pelo ritmo acelerado de desenvolvimento, vê crescer a demanda por experiências que misturem fantasia e sensorialidade. É nesse cenário que a massagem body-to-body se torna mais procurada, destacando-se pelo contato pele a pele, sem barreiras, intensificando o vínculo entre terapeuta e cliente.
Por fim, em cidades menores do interior, especialmente naquelas que recebem fluxo turístico sazonal, cresce a prática da massagem sensual a dois, voltada para casais. Realizada em pousadas e spas intimistas, muitas vezes adaptados para momentos românticos, essa modalidade combina relaxamento com erotismo, fortalecendo vínculos afetivos.
Assim, cada canto do Pará, da metrópole belenense às margens paradisíacas de Santarém, revela uma forma própria de acolher as massagens sensuais, mostrando que o estado vai muito além de suas riquezas naturais: também abriga um mercado de bem-estar e prazer em franca expansão.
Turismo e massagem
O turismo tem sido um dos grandes vetores para a expansão dos serviços de massagem no estado. Cidades como Alter do Chão, conhecida internacionalmente por suas praias de água doce, já contam com massagistas que atendem turistas em cabanas, pousadas e até em espaços improvisados à beira do rio.
Em Belém, hotéis de luxo e spas urbanos oferecem pacotes de bem-estar que incluem diferentes modalidades de massagem, agregando valor à experiência turística. Os cruzeiros fluviais que percorrem o rio Amazonas também passaram a contratar profissionais para atender os visitantes durante as viagens.
Entre os diferentes segmentos, o de massagens sensuais é o que mais desperta curiosidade e polêmica. No Pará, cresce o número de profissionais que atuam nesse setor, anunciando seus serviços em redes sociais, sites especializados e aplicativos.
A procura se deve a fatores diversos – a busca por novas experiências eróticas; o interesse em terapias corporais ligadas ao tantra e ao autoconhecimento sexual; e o atendimento a pessoas que enfrentam bloqueios emocionais, traumas ou dificuldades na vida sexual.
Esse mercado, porém, enfrenta desafios como a confusão com a prostituição, a falta de regulamentação e o estigma cultural. Muitos profissionais atuam na informalidade, o que dificulta a valorização e a proteção de seus direitos trabalhistas.
Perspectivas
O futuro para os massagistas no estado do Pará é promissor. O aumento do interesse por terapias integrativas, o fortalecimento do turismo, a digitalização dos serviços e a crescente aceitação das práticas sensuais como forma de autoconhecimento indicam que esse mercado continuará em expansão.
Esforços para profissionalização e regulamentação da categoria, além da valorização cultural da massagem como prática de saúde e bem-estar, podem consolidar a atividade como uma das mais relevantes dentro da economia criativa e de serviços do estado.